Paralisada por referendo exploração de petróleo no Parque Nacional Yasuní, no Equador
13 de set. de 2023
A maioria do povo equatoriano votou pelo fim da exploração do petróleo no Parque Nacional de Yasuni, no âmbito de um referendo vinculante. O referendo é uma grande vitória para os povos nativos, organizações ambientalistas e de proteção dos direitos humanos no país sul-americano. “Salve a Selva” apoiou a campanha da Yasuní com trabalho de esclarecimento e doações em dinheiro.
Por mais de dez anos, uma aliança de organizações indígenas, ambientais e de proteção aos direitos humanos lutou pela realização do referendo, com o objetivo de que o povo pudesse decidir pelo fim da exploração de petróleo na floresta tropical do Parque Nacional de Yasuni. O governo e instituições do Estado tinham permanentemente impedido a sua realização, fazendo mau uso de seus poderes.
O referendo somente pôde ser realizado após o ajuizamento de uma ação da Iniciativa Yasuní, depois de passar por todas as instâncias recursais, até ser, finalmente, decidido pelo Tribunal Constitucional. Desde abril, ativistas peregrinavam incansavelmente pelo país, com o objetivo de esclarecer a população sobre o referendo, seus objetivos e as catastróficas conseqüências da exploração pela indústria do petróleo. Com sucesso: O SIM pela paralisação da exploração de petróleo no Parque Nacional de Yasuní ganhou muito claramente, com 59%, contra 41 % que votaram pelo NÃO.
Também no âmbito de outro referendo sobre mineração em Quito, a população votou pela proteção das gentes e da natureza. 68% dos votos foram pelo não a projetos de mineração nos Andes.
Território indígena de maior biodiversidade do planeta
Yasuní é a terra natal de povos indígenas como os Waorani, dentre os quais vivem também grupos que vivem em isolamento voluntário. As florestas tropicais de Yasuni pertencem às áreas que tem a maior biodiversidade do mundo. Em apenas 25 hectares (0,25 km²) foram contadas lá 1.104 espécies diferentes de árvores. Em um único hectare (0,01 km²) chega a haver 644 espécies de árvores. Isso é muito mais do que na Europa inteira.
O referendo e seu resultado são um exemplo para o mundo inteiro. Foi a primeira vez que a população de um país decidiu diretamente, nas urnas, sobre o futuro da exploração de petróleo. Agora, o governo do Equador e a empresa petroleira estatal Petroecuador tem de parar com a exploração de petróleo em Yasuní, e ainda, desativar, dentro de um ano, as usinas de refinaria, os oleodutos e infraestrutura petroleira como um todo.
Políticos do lado da indústria do petróleo e do gás
Pouco antes da realização do referendo, o presidente equatoriano, Guillermo Lasso, ainda tentou, juntamente com a indústria petroleira, criar um clima negativo contra a Iniciativa Yasuní e sua reivindicação de se paralisar a exploração de petróleo no Parque Nacional. Guillermo Lasso chegou a declarar - dentre outras alegações - que, sem a renda da exploração de petróleo, as despesas para o financiamento do ensino e da saúde da população teriam de ser reduzidas.
A maioria da população do Equador não se deixou influenciar por essas ameaças. Com a realização do referendo e a larga adesão popular pelo fim da presença da indústria petroleira no Parque de Yasuní, eles deram um sinal que vai muito além das fronteiras da nação sul-americana: O nosso consumo de energia fóssil - especialmente o do Norte Global - está destruindo as fontes de sustento das pessoas, a natureza e o clima global, devendo, por isso, ser terminado incontinenti. Em vez disso, também entre nós estão sendo construídos, em velocidade acelerada, novos terminais para importação de gás.
O SIM do povo equatoriano à proteção do Parque Nacional do Equador significa também uma clara rejeição ao Presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva. Na Cúpula da Amazônia, realizada em Belém no início de agosto, Lula vetou uma declaração conjunta dos 8 Estados amazônicos que haviam se declarado contra novos projetos de exploração de petróleo no território amazônico.
Apoio de “Salve a Floresta”
“Salve a Floresta” apoiou a Iniciativa Yasuní financeiramente com 40 mil euros. Com os dinheiros das doações foi confeccionado material informativo sobre o trabalho de esclarecimento e do referendo em si, bem como foram financiados eventos, despesas de viagem e alimentação para muitos voluntários e voluntárias. A metade do dinheiro das doações foi juntada pela associação por meio de um crowdfunding feito em conjunto com outras organizações alemãs e européias.
O SIM pela paralisaçãoReferendo Yasuní:
Consejo Nacional Electoral 2023. Consulta Popular Yasuní:https://elecciones2023.cne.gob.ec/Consultas/yasunioutro referendoReferendo sobre a mineração no Chocó Andino:
Consejo Nacional Electoral 2023. Consulta Popular Chocó Andino / Pichincha / Quito: https://elecciones2023.cne.gob.ec/Consultas/chocoespécies de árvoresSave Americas Forests. YASUNÍ—TREE DIVERSITY MAP & INFORMATION https://www.saveamericasforests.org/Yasuni/Maps/Tree.html