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O Presidente do Brasil, Lula, e o chanceler da Alemanha, Merz, durante a COP30
O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz e o Presidente Lula (© Richardo Stuckert /PR / CC BY ND 4.0)

A proteção das florestas não é uma mercadoria financeira!

10 de nov. de 2025Proteger a floresta de forma vantajosa para investidores: isso parece ser bom, mas não é! Isso porque a gigantesca soma de USD 125 bilhões, que deverão fluir para o “Fundo Floresta Tropical para Sempre” não será investida na causa das florestas. No máximo, fluiriam USD 4 bilhões para os 74 países que protegerem suas florestas. Talvez, menos. As causas do desmatamento o fundo não combate.


Especialistas e organizações ambientais estão advertindo a respeito do modelo de negócios segundo o qual a proteção da floresta tropical tem de gerar rendimentos. O novo sistema, denominado “Fundo Florestas Tropicais para Sempre” (abreviado pela sigla inglesa TFFF), deve funcionar da seguinte maneira: 

Países e outros investidores estão disponibilizando USD 25 bilhões para o TFFF. Inspirados por esse modelo, investidores do setor privado querem colocar USD 100 bilhões nesse fundo. O dinheiro vai ser investido, sobretudo, em títulos da dívida pública de países em desenvolvimento. O objetivo é o lucro. Uma parte desse lucro deverá, na sequência, ser aplicada na proteção das florestas tropicais primárias.

Talvez se atinja, com isso, em algum dia, algo como USD 4 bilhões por ano. Talvez até menos, não se sabe; isso vai depender de como os mercados, os titulos da dívida pública e a economia global se desenvolverem. Dinheiro para a proteção das florestas tropicais primárias só vai ter se estiver tudo certo com o caixa, e obviamente, somente depois de os investidores terem abocanhado a sua parte. 

O fundo prevê somente  um prêmio anual de USD 4,00 por hectare de floresta conservada

Friedrich Merz, o chanceler da Alemanha, confirmou, antes do início oficial da Conferência Mundial do Clima (COP30) em Belém, que investiria “uma quantia significativa“ no fundo, mas sem denominar um número concreto. Especula-se que se trate de mais de 1 bilhão de euros.

No entanto, o fundo TFFF é contundentemente criticado por organizações de defesa de direitos humanos e do meio-ambiente. Marianne Klute, presidente da “Salve a Floresta”, diz o seguinte:

TFFF é um puro instrumento do mercado, o qual ignora as causas do desmatamento, como, por exemplo, o roubo de terras para instalar monoculturas, derrubadas e mineração.

“Investidores e bancos vão enriquecer, ou seja, justamente aqueles que, por sua ganância pelo lucro, são os principais responsáveis pela perda das florestas tropicais. A Alemanha não pode participar desse fundo!”

“Esse tipo de proteção protege os investidores podres-de-rico e deixa os países pobres ainda mais pobres. Em vez de se instalar justiça, o modelo TFFF agrava as injustiças e ignora o serviço dos verdadeiros zeladores da natureza, que são os povos indígenas.”

“Embora as florestas situadas dentro dos territórios indígenas sejam da mais alta biodiversidade, os indígenas sairão de mãos abanando, enquanto governos e países com florestas tropicais serão pagos com alguns parcos dólares, por hectare. Mas até isso é incerto, porquanto em primeiro lugar está o lucro dos investidores e dos bancos.”

“Como instrumento de proteção das florestas tropicais e do clima, TFFF não é solução alguma! “Não serão os mercados que salvarão as florestas tropicais.”

O ambientalista indonésio Muhammad Al Amien, diretor da organização WALHI, de Sulawesi do Sul, faz a seguinte advertência:

Para nós, em Sulawesi, TFFF é uma catástrofe. O projeto vai condenar à miséria os povos indígenas e as comunidades locais do Sul Global, ou seja, aqueles que vivem da floresta. 

“TFFF é a cara do capitalismo verde, é um projeto dos detentores do capital para auferir ainda mais lucros sob o manto da proteção e cuidados para com a floresta tropical e o apoio ao meio-ambiente e aos povos indígenas. TFFF não vai proteger as florestas, muito mais vai é expulsar comunidades locais e indígenas das florestas que, até então, eram as fontes de sobrevivência destes.”

“A solução para a proteção da floresta tropical é que se pare de explorá-la e reduzi-la, pagando recompensa aos povos indígenas e às comunidades locais, apoiando-os de forma extensa, bem como protegendo ambientalistas e defensores de direitos humanos.”

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