A “revolução verde” tem de ser feita sem cobre e níquel das florestas tropicais!

(Montagem de foto) Placa de trânsito com carro elétrico em frente de uma mina de lavra a céu aberto (Montagem) Placa de trânsito com carro elétrico em frente de uma mina de lavra a céu aberto (© CASCOMI - Collage RdR)

A Alemanha é uma das maiores consumidoras de metais do mundo, os quais são usados pela indústria em uma escala ecológica e socialmente insustentável. Agora, diz-se que carros elétricos salvariam o clima do colapso. No entanto, os insumos necessários para sua construção são totalmente importados, e muitos provém de florestas tropicais.

Notícias e Atualidades Apelo

Para: Governo Federal da Alemanha, Ministério da Economia, Energia e Meio-Ambiente

“Drástica redução do consumo de matérias-primas metálicas na Alemanha”

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No Equador, a floresta amazônica está sendo derrubada para dar lugar a uma mina de cobre. As águas residuais deixadas pela mina a céu aberto contaminam os rios. O povo indígena Shuar está perdendo as suas condições de vida. Só com seus protestos, eles não foram capazes de deter a abertura dessa mina. Agora, esse cobre está sendo transportado para a China, onde é usado na construção de baterias de carros elétricos. Assim, o cobre equatoriano vai parar nos carros elétricos alemães.

Na Indonésia, também está havendo protestos. Em Sulawesi, florestas tropicais e manguezais estão sendo derrubados para dar lugar a minas e fundições de níquel. Resíduos tóxicos oriundos da produção de níquel são lançados no mar. Isto afeta recifes de corais, animais marinhos e a comunidade pescadora, cujas condições de vida são roubadas. Como importante componente das baterias de lítio-íon, esse níquel também acaba parando na Alemanha.

A Alemanha é uma das maiores importadora de matérias-primas metálicas do mundo, sendo a indústria automobilística e o setor de construção seus principais consumidores. Automóveis demandam muita matéria-prima, e isto vale tanto para veículos convencionais como para os elétricos. Ocorre que sua exploração está comumente ligada a violações de direitos humanos e a destruições do meio-ambiente. A mineração é um dos maiores perigos para os ecossistemas da Terra.

O “boom" dos carros elétricos agrava esse problema, pois sua construção demanda enormes quantidades de matérias-primas, que são exploradas, processadas e transportadas pelo planeta todo. Milhões de carros elétricos novos, portanto, não vão conseguir proteger o clima, tampouco resolverão todos os outros problemas gerados pelo pesado tráfego de automóveis, como construção de rodovias, barulho do trânsito, acidentes ou emissões críticas de partículas finas e outros poluentes.

Nós reivindicamos do governo federal alemão, em conjunto com a PowerShift, que impulsione uma revolução não só na mobilidade, mas também nas matérias primas usadas pela indústria - e que seja social, ecológica e pró-clima.

Mais informações

Links para 2 fact sheets de duas páginas sobre a mina de cobre no Equador e as minas e fundição de níquel na Indonésia.

- Informativo sobre a mina de cobre Mirador:

https://www.regenwald.org/files/de/Kupfermine_Mirador_Ecuador-11-21.pdf

- Informativo sobre minas metálicas sobre quatro rodas: o cobre contido nos carros elétricos:

https://www.regenwald.org/files/de/Infoblatt-Kupfer-in-E-Autos-11-21.pdf

- Informativo sobre o conglomerado minerador de cobre TNMG: cobre da floresta amazônica para carros elétricos na Alemanha:

https://www.regenwald.org/files/de/Infoblatt-TNMG-30-11-21.pdf

- Comunicado à imprensa conjunto: o cobre e o níquel contido nos carros alemães destroem a floresta tropical:

https://www.regenwald.org/pressemitteilungen/10530/in-deutschen-autos-genutztes-kupfer-und-nickel-zerstoeren-regenwald

Carta

Para: Governo Federal da Alemanha, Ministério da Economia, Energia e Meio-Ambiente

Excelentíssimas Senhoras e Senhores,

A Alemanha é uma dos maiores consumidoras de matérias-primas metálicas do mundo, dentre as quais se inclui o cobre e o níquel. Ocorre que a exploração dessas matérias-primas está quase sempre ligada a violações de direitos humanos e a graves destruições do meio-ambiente. A mineração é um dos maiores perigos para os ecossistemas da Terra, dentre eles as florestas tropicais remanescentes, os recifes de corais, rios, mares, bem como lugares de alta biodiversidade.

Não bastasse, só a mineração e o processamento do minério de ferro são responsáveis, sozinhos, por cerca de 11% das emissões globais de CO2 e, portanto, impulsionadores da crise climática.

Em consequência, reivindicamos do governo federal alemão - sobretudo do Ministério da Economia, que é o responsável por conduzir as políticas relativas às questões de matérias-primas - que trabalhe ativamente para reduzir o consumo alemão de metais primários. Reivindicamos o seguinte:

1.) Que seja reduzido, drasticamente, o consumo de matérias-primas exploradas por meio da mineração.

2.) Que sejam criadas, até o ano de 2030, metas de redução claras e quantíficáveis no que tange ao consumo de matérias-primas para aplicação na área de trânsito e mobilidade.

3.) A imediata transição para uma economia circular, a qual contenha regras claras a respeito de matérias-primas e produtos mais duráveis, reparáveis e recicláveis.

4.) A proteção do clima, o respeito aos direitos humanos, a proteção do meio-ambiente e da biodiversidade (como, por exemplo, a proteção das florestas tropicais), precisam preponderar sobre a provisão da indústria com matérias-primas.

Saudações cordiais

Tema

O ponto de partida: Por que a biodiversidade é tão importante?

 

Biodiversidade compreende três campos estreitamente ligados entre si: a diversidade das espécies, a diversidade genética dentro das espécies e a diversidade dos ecossistemas, como por exemplo, florestas ou mares. Cada espécie é parte de uma rede de conexões altamente complexa. Quando uma espécie é extinta, essa extinção tem repercussão sobre outras espécies e outros ecossistemas.

Globalmente, até hoje já foram descritas dois milhões de espécies, especialistas avaliam o número como amplamente maior. Florestas tropicais e recifes de corais pertencem aos ecossistemas com a mais alta biodiversidade e complexidade de organização da Terra. Cerca da metade de todas as espécies de animais e plantas vivem nas florestas tropicais.

A diversidade biológica é, em si, digna de proteção, além de ser para nós, condição de vida. Diariamente, fazemos uso de alimentos, água potável, medicamentos, energia, roupas ou materiais de construção. Ecossistemas intactos asseguram a polinização das plantas e a fertilidade do solo, protegendo-nos de catástrofes ambientais como enchentes ou deslizamentos de terra, limpam água e ar e armazenam gás carbônico (CO2), o qual torna o clima mais hostil nos níveis atualmente encontrados.

A natureza é também a casa e ao mesmo, lugar espiritual de muitos povos originários da floresta. Estes são os melhores protetores da floresta, porquanto é especialmente em ecossistemas intactos que se encontra a base para a vida de muitas comunidades indígenas.

A conexão existente entre destruição da natureza e surgimento de pandemias é conhecida de há muito, não tendo surgido pela primeira vez com o coronavírus. Uma natureza intacta e com bastante diversidade protege-nos de doenças e de outras pandemias.

Para saber mais sobre esta conexão, pode clicar nos link abaixo:

https://www.ufrgs.br/jornal/conexoes-entre-desequilibrios-ambientais-e-o-surgimento-de-doencas-infecciosas-na-amazonia/

https://www.dw.com/pt-br/o-elo-entre-desmatamento-e-epidemias-investigado-pela-ci%C3%AAncia/a-53135352

Os efeitos: extinção de espécies, fome e crise climática

 

O estado da natureza vem piorando dramaticamente, em escala global. Cerca de um milhão de espécies de animais e plantas estão ameaçadas de serem extintas, já nas próximas décadas. Atualmente, 37.400 plantas e animais estão na lista vermelha da organização de proteção ambiental IUCN como espécies ameaçadas de extinção – um tristíssimo recorde! Especialistas chegam a dizer que se trata da sexta maior mortandade de espécies da história da Terra – a velocidade da extinção global das espécies aumentou cem vezes nos últimos dez milhões de anos, e isso por causa da influência humana no meio-ambiente.

Também numerosos ecossistemas, em todo o globo – sendo 75% ecossistemas terrestres e 66% marinhos – estão ameaçados. Somente 3% deles estão ecologicamente intactos, como, por exemplo, partes da bacia amazônica e da bacia do Congo. Especialmente afetados são ecossistemas ricos em biodiversidade, como florestas tropicais e recifes de corais. Cerca de 50% de todas as florestas tropicais foram destruídas nos últimos 30 anos. A extinção dos corais aumenta constantemente com o avançar do aquecimento global.

As principais causas para a grave diminuição da biodiversidade são a destruição de habitats, a agricultura intensiva, a pesca predatória, a caça ilegal e o aquecimento global. Cerca de 500 (quinhentos) bilhões de dólares americanos são investidos por ano, globalmente, na destruição da natureza, da seguinte forma: exploração de pecuária intensiva, subvenções para exploração de petróleo e carvão, desmatamento e impermeabilização do solo.

A perda de biodiversidade tem consequências sociais e econômicas extensas, pois a exploração dos recursos é feita em detrimento dos interesses de milhões de pessoas do Sul Global. Os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável almejados pela ONU – como, por exemplo, o combate à fome e à pobreza - somente poderão ser alcançados se a biodiversidade for mantida em escala global e utilizada sustentavelmente para as próximas gerações.

Sem a conservação da biodiversidade, a proteção do clima também fica ameaçada. A destruição de florestas e pântanos – eis que ambos são redutores de gás carbônico – agrava a crise climática.

A solução: menos é mais!

 

Os recursos naturais da Terra não estão ilimitadamente à nossa disposição. Praticamente, consumimos recursos no volume correspondente a duas Terras e se mantivermos essa velocidade de consumo, até 2050, consumiremos, no mínimo, recursos no volume de 3 (três) planetas Terra. Para lutar pela conservação da diversidade biológica como nossa condição de vida, precisamos aumentar mais ainda a pressão sobre os nossos governantes. E mesmo no nosso simples cotidiano, podemos agir contribuindo para mudar da coisa.

Com estas dicas para o dia-a-dia, nós protegemos o meio-ambiente:

  1. Comer plantas com mais frequência: mais legumes e “queijo” de soja (tofu) e menos ou nada de carne no prato! Cerca de 80% das áreas agrárias, em escala global, são usadas para pecuária intensiva e para o cultivo de ração animal;
  2. Alimentos regionais e orgânicos:mantimentos produzidos ecologicamente dispensam o cultivo de monoculturas gigantes e o uso de pesticidas. E a compra de produtos locais economiza uma enorme quantidade de energia;
  3. Viver com consciência: Será que é preciso mesmo comprar ainda mais roupas, ou um celular novo? Ou será que, para coisas do cotidiano, dá para comprar coisas já usadas? Existem boas alternativas para produtos com óleo de palma ou para a madeira tropical! Ter, como bicho de estimação, animais selvagens tropicais como papagaios ou répteis é tabu total! Outra coisa útil é calcular o seu dispêndio pessoal de recursos naturais (a chamada “pegada ecológica”);
  4. Ter relações amistosas com as abelhas: você pode proporcionar uma alegria para abelhas e outros insetos, plantando espécies diferenciadas e saborosas na sacada do seu apartamento ou no quintal da sua casa. Também dá para colaborar sem plantar o verde na própria casa, participando de projetos de proteção à natureza na sua região;
  5. Apoiar protestos: manifestações ou petições contra o aquecimento global ou para uma revolução agrária faz pressão nos governantes, que também são responsáveis pela proteção da biodiversidade.

Leia aqui porque tantas espécies são extintas antes de serem descobertas

 

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