A Malásia sacrifica seus elefantes para óleo-de-palma

Um filhote de elefante toca, com sua tromba, a cabeça de sua mãe que está deitada no chão. Um filhote de elefante lamenta sua mãe envenenada. Foto: picture alliance / dpa (© picture alliance / dpa)
219.502 participantes

No Estado malaio de Sabah 14 elefantes pigmeus de Bornéu foram envenenados. A espécie rara está severamente ameaçada pela extensão de plantações de dendezeiros cujos trabalhadores provavelmente espalharam o veneno. Exijam o fim imediato da destruição da floresta e a proteção dos elefantes

Notícias e Atualidades Apelo

Para: Senhor Najib Razak, Primeiro-Ministro da Malásia, Senhor Datuk Seri Musa Aman, Primeiro-Ministro de Sabah

“”

Abrir a petição

Os guardas-florestais ficaram chocados: um filhote de elefante tenta despertar sua mãe no chão, mas em vão: ela foi envenenada, junto com 13 outros animais. Seus cadáveres foram encontrados na concessão da empresa estatal de madeira e óleo-de-palma Yayasan Sabah. Os elefantes faziam todos parte da mesma manada que se encontrava à beira da reserva de floresta tropical – na proximidade imediata de um acampamento de lenhadores e plantações de óleo-de-palma.

Os elefantes comeram um mata-ratos. Assim os trabalhadores da plantação querem impedir que os animais comam as frutas dos dendezeiros“, presume Laurentius Ambu, diretor do Departamento da Proteção Ambiental local. Os elefantes pigmeus de Bornéu são uma subespécie rara dos elefantes-da-floresta, dos quais ainda existem 1500 animais no máximo – quase todos em Sabah.

A Malásia continua a exportar madeira tropical e óleo-de-palma. Os políticos estão em vias de destruir as últimas áreas de floresta tropical nos Estados de Sabah e Sarawak em Bornéu para estabelecer plantações. E assim exterminam também a abundância de espécies animais e vegetais, entre elas rinocerontes ameaçados, orangotangos e macaco-narigudos.

O Primeiro-Ministro de Sabah, Musa Aman, impulsiona o abate das florestas pessoalmente. Ele conferiu as concessões para o desmatamento a fim de estabelecer plantações de dendezeiros. Ao mesmo tempo, ele é presidente da empresa estatal Yayasan Sabah. Ao final de 2012 o grupo começou a desmatar 70.000 hectares de floresta tropical para plantações. Agora já não há espaço para os elefantes-da-floresta.

Por favor, peçam a Aman e ao governo da Malásia que acabem com os crimes contra a natureza imediatamente e que protejam as florestas tropicais com seus habitantes coerentemente.

Mais informações

Elefantes pigmeus de Bornéu

Os 14 animais envenenados tinham entre quatro e 20 anos de idade e pertenciam todos a uma família. Um grupo destes compreende até 20 indivíduos. Por isso, os guardas-florestais ainda estão procurando em todo o terreno porque temem que ainda mais animais poderiam ter comido o veneno. Uma manada de elefantes precisa de um território de cerca de 400 km2 para encontrar uma quantidade suficiente de alimentos, água e minerais. Eles conocem seu habitat muito bem e regressam repetidamente a seus locais de alimentação, ainda que estes fossem desmatados, entretanto, para plantações de dendezeiros.

O elefante pigmeu de Bornéu (Elephas maximus borneensis) é a subespécie mais pequena do elefante-da-floresta. Tem uma cabeça redonda, orelhas cumpridas, um rabo cumprido e presas retas.

Entretanto, os elefantes pigmeus estão severamente ameaçados, sobretudo pela caça, pela perda de seu espaço vital e o conflito com os homens que resulta disso. No máximo 1500 indivíduos conseguiam sobreviver na selva até hoje – sobretudo no Estado malaio de Sabah.

Na Malásia, os elefantes estão protegidos por lei (Wildlife Conservation Enactment). A caça e a mortandade deles é punida com multas e detenção durante até cinco anos.

Os negócios financeiros do Primeiro-Ministro de Sabah

Desde há muitos anos o governante autoritário de Sabah, Musa Aman, lucra com o abate das florestas tropicais e o comércio de madeira ilegal. Ele e seu clã concedem permissões de desmatamento e exportação contra a lei e ficam com subornos volumosos. Nas áreas desmatadas, autorizam o estabelecimento de plantações de óleo-de-palma – até mesmo em áreas de conservação. Já desde 2007 o Departamento anticorrupção investiga contra o clã bin Aman.

Ao redor da família governante de Musa Aman estabeleceu-se uma rede mafiosa de corrupção e lavagem de dinheiro que chega via Hong Kong e Singapura até a Suíça. 70 milhões de euros (184,2 milhões de reais) devem ter sido lavados somente por contas do banco UBS. Depois de uma denúncia da organização ambiental suíça Fundo Bruno Manser o Procurador-Geral da Suíça iniciou um processo contra o banco.

O grupo Yayasan Sabah

O grupo estatal Yayasan Sabah (antes chamado Yayasan Sabah Foundation) foi fundado em 1996 e serve o governo oficialmente para impulsionar o desenvolvimento do Estado de Sabah. Ele é controlado pelo presidente Musa Aman, o Primeiro-Ministro de Sabah. O grupo possui em Sabah concessões de mais de um milhão de hectares de floresta tropical. Durante décadas o abate representou o suporte mais importante de Yayasan Sabah. Como a madeira tropical preciosa já foi saqueada completamente, o principal objetivo do grupo agora é transformar as florestas tropicais em plantações industriais de silvicultura e óleo-de-palma.

No final de 2012 o grupo começou a desmatar 80 mil hectares de floresta tropical a fim de estabelecer plantações de dendezeiros. O abate vai demorar cerca de três anos. Da transformação das áreas florestais resultam, uma última vez, grandes quantidades de madeira com as quais se podem gerar lucros rápidos. A área de concessão contêm também áreas florestais protegidas com uma biodiversidade sem par que foram fundadas originalmente por científicos. Estas incluem a Gunung Rara Reserve (cerca de 130 km de Tawau), a Danum Valley Conservation Area e a Maliau Basin Conservation Area.

Óleo-de-palma da Malásia

A área plantada com dendezeiros na Malásia importa em mais de cinco milhões de hectares. Antigamente estas áreas estavam cobertas de florestas úmidas tropicais que foram abatidas para o estabelecimento das plantações. A produção anual de óleo-de-palma do país no Sudeste Asiático perfaz cerca de 20 milhões de toneladas. A Malásia ocupa assim o segundo lugar do ranking mundial, depois do país vizinho Indonésia. Aproximadamente 80 por cento da produção são exportados no mercado global, no qual a Malásia representa uma parte de cerca de 44 por cento.

A Europa importa aproximadamente seis milhões de toneladas de óleo-de-palma por ano. O óleo vegetal faz parte quase da metade dos produtos no supermercado - está contido, por exemplo, em biscoitos, sorvete, barras o cremes de chocolate, detergentes, sabão e velas. Além disso, a demanda

de óleo-de-palma cresceu com as políticas energéticas da Europa e dos Estados Unidos, que importam grandes quantidades para o “biodiesel” ou bem a “bioenergia”. Esta energia renovável deve ser uma alternativa mais ecológica aos fontes de energia fósseis, mas muitas vezes o abate de vastas áreas de floresta tropical é ocultado.

Saiba mais sobre o óleo-de-palma e os biocombustíveis em nossas páginas temáticas.

Carta

Para: Senhor Najib Razak, Primeiro-Ministro da Malásia, Senhor Datuk Seri Musa Aman, Primeiro-Ministro de Sabah

Prezado Senhor Primeiro-Ministro Najib Razak,
Prezado Senhor Primeiro-Ministro Musa Aman,

as florestas tropicais da Malásia estão entre as florestas mais ricas em biodiversidade do mundo. Estou preocupado com o fato de milhares de hectares de áreas naturais e até florestas inteiras continuarem a ser destruídas anualmente para o estabelecimento de plantações de dendezeiros. Assim, muitos elefantes, orangotangos e inúmeros outros espécies animais e vegetais perdem seu espaço vital.

O envenenamento de, no mínimo, 14 elefantes pigmeus em Sabah escandaliza-me profundamente. Eles foram encontrados à beira da reserva florestal de Gunung Rara, na proximidade imediata de um acampamento de lenhadores e plantações de óleo-de-palma. O diretor do Departamento de Proteção Ambiental de Sabah presume que os trabalhadores das plantações de óleo-de-palma espalharam o veneno para manter os elefantes afastados das plantações.

Depois de saber desse crime atroz, o Primeiro-Ministro Aman exigiu uma descoberta completa e a punição dos culpados. Porém, como titular deste cargo, o Primeiro-Ministro do Estado de Sabah também é responsável pela morte dos elefantes-da-floresta: como chefe do governo o senhor confere as concessões para a exploração de madeira e a indústria de óleo-de-palma no meio da floresta tropical. Além disso, o senhor é também presidente do grupo Yayasan Sabah em cujas concessões de silvicultura e plantações os elefantes-da-floresta foram envenenados e nas quais fica também a reserva florestal de Gunung Rara. Os abates começaram justamente na altura em que os primeiros elefantes mortos foram encontrados – no final de 2012.

Peço-lhes que preservem a natureza da Malásia com seu mundo animal sem par e que não permitam mais a destruição das florestas. Por favor, restabeleçam os corredores florestais para que os elefantes possam caminhar entre as reservas restantes.

Muito obrigado e com os melhores cumprimentos,

Tema

A situação – florestas tropicais nos tanques e nos pratos

Com 66 milhões de toneladas por ano, o óleo de palma é o óleo vegetal mais produzido no mundo. Nos últimos anos, as plantações de óleo de palma já se estenderam, mundialmente, a mais de 27 milhões de hectares de terras. Florestas tropicais, pessoas e animais já tiveram de recuar uma área do tamanho da Nova Zelândia para dar lugar ao “deserto verde”.

 O baixo preço no mercado mundial e as qualidades de processamento estimadas pela indústria levaram a que um em cada dois produtos no supermercado contenha óleo de palma. Além de ser encontrado em pizzas prontas, bolachas e margarina, o óleo de palma também está em cremes hidratantes, sabonetes, maquiagem, velas e detergentes.

O que poucas pessoas sabem: na União Europeia 61% do óleo de palma importado é usado para produzir energia: 51% (4,3 milhões de toneladas) para a produção do biodiesel, bem como 10% (o,8 milhões de toneladas) em usinas para a produção de energia e calor.

A Alemanha importa 1,4 milhões de toneladas de óleo de palma e óleo de semente de palma: 44% das importações de óleo de palma (618.749 t) foram utilizados para fins de produção de energia, dos quais 445.319 t (72%) foram utilizados para a produção de biocombustível, ao passo que 173.430 t (28%) foram usados para produzir energia e calor.

Com isso, a equivocada política de energia renovável da Alemanha e da UE é uma importante causa para a derrubada de florestas tropicais. A mistura de biocombustível na gasolina e no óleo diesel é obrigatória desde 2009, por determinação de diretiva da União Européia.

Ambientalistas, ativistas de direitos humanos, cientistas e e até mesmo a maior parte dos parlamentares europeus reivindicam, reiteradamente, a exclusão do óleo de palma do combustível e das usinas a partir de 2021. Em vão. Em 14 de junho de 2018, os membros da UE decidiram continuar permitindo o uso do óleo de palma tropical como “bioenergia” até o ano de 2030.

As alternativas: Por favor, leia as informações sobre a composição dos ingredientes na embalagem, deixando na prateleira os produtos que contém óleo de palma. Já na hora de abastecer, não há outra opção: a única solução é a bicicleta ou os meios de transporte públicos

As consequências: perda de matas, extinção de expécies, expulsão de nativos e aquecimento global

Nas regiões tropicais ao redor do Equador, o dendezeiro (elaeis guineensis) encontra condições ideais para o seu cultivo. No Sudeste Asiático, na América Latina e na África, vastas áreas de floresta tropical são desmatadas e queimadas todos os dias a fim de gerar espaço para as plantações. Desta forma, quantidades enormes de gases com efeito-estufa são emitidas na atmosfera. Em partes do ano de 2015, a Indonésia – a maior produtora de óleo de palma – emitiu mais gases climáticos do que os EUA. Emissões de CO² e metano levam a que o biodiesel produzido a partir de óleo de palma seja três vezes mais nocivo para o clima do que o combustível tirado do petróleo.

Mas nem só o clima global está sofrendo: juntamente com as árvores, também desaparecem raras espécies animais como o orangotango, o elefante-pigmeu-de-bornéu e o tigre-de-sumatra. Muitas vezes, pequenos agricultores e indígenas que habitam e protegem a floresta são deslocados da terra deles de forma violenta. Na Indonésia, mais que 700 conflitos de terra estão relacionados com a indústria de óleo de palma. Até nas plantações declaradas como “sustentáveis” ou “ecológicas”, sempre violam-se, reiteradamente, direitos humanos.

Nós, consumidores, não sabemos muito disto. Porém, o nosso consumo diário de óleo de palma também tem efeitos negativos para a nossa saúde: o óleo de palma refinado contém grandes quantidades de ésteres de ácidos graxos, que podem interferir no patrimônio hereditário e causar câncer.

A solução – revolução dos tanques e dos pratos

Hoje em dia, somente 70 mil orangotangos vivem nas florestas do Sudeste Asiático. A política do biodiesel na UE leva os antropóides à beira da extinção: cada nova plantação de dendezeiros destrói um pedaço do espaço vital deles. Para ajudar os nossos parentes, temos que aumentar a pressão sobre a política. Mas no seu dia a dia existem várias opções para agir!

Estas dicas simples ajudam a encontrar, evitar e combater o óleo de palma:

  1. Cozinhe e decida por si mesmo ingredientes frescos, misturados com um pouco de criatividade, fazem empalidecer qualquer refeição pronta (que contenha óleo de palma). Para substituir o óleo de palma industrial, podem-se utilizar óleos europeus como óleo de girassol, colza ou azeite ou, no Brasil, óleo de côco, de milho (não transgênico!) ou – se você conhece a origem – óleo de dendê artesanal.

  2. Ler as letras pequenas: na União Europeia, as embalagens de alimentos têm que indicar desde Dezembro de 2014 se o produto contém óleo de palma.1 Em produtos cosméticos e de limpeza esconde-se um grande número de termos químicos.2 Com um pouco de pesquisa na Internet, podem-se encontrar alternativas sem óleo de palma.

  3. O consumidor é o rei: Quais produtos sem óleo de palma são oferecidos? Por que não se utilizam óleos domésticos? Perguntas ao pessoal de vendas e cartas ao produtores exercem pressão sobre as empresas. Esta pressão e a sensibilização crescente da opinião pública já fizeram com que alguns produtores renunciassem o uso de óleo de palma nos próprios produtos.

  4. Petições e perguntas a políticos: protestos on-line exercem pressão sobre os políticos responsáveis por importações de óleo de palma. Você já assinou as petições da Salve a Floresta?

  5. Levante a sua voz: manifestações e ações criativas na rua tornam o protesto visível para a população e a mídia. Assim, a pressão sobre decisores políticos ainda cresce.

  6. Transporte público em vez de carro: se possível, ande a pé, de bicicleta ou use o transporte público.

  7. Passe os seus conhecimentos: a indústria e a política querem fazer-nos crer que o biodiesel seja compatível com o ambiente e que plantações de dendezeiros industriais possam ser sustentáveis. Salveaselva.org informa sobre as consequências do cultivo de dendezeiros.

Notícias e Atualidades

Inscreva-se aqui agora para receber a nossa newsletter.

Continue informado e alerta para proteger a floresta tropical, continuando a receber a nossa newsletter!